terça-feira, 26 de junho de 2018

Saudosa Manhã

19:30:00 14 Comments
Google Imagens

  Acordei com o dia saudoso, sim a minha manhã de sexta estava saudosa. O vento que soprava incansável e balançava a copa das àrvores me lembrava tempos remotos e felizes de uma infância muito bem aproveitada.

  Sinto saudades do tempo em que minha única preocupação era em manter o boletim dentro do aceitável para ter as férias mais duradouras possíveis e poder passar as manhãs a sombra das mangueiras, a tarde desbravando as matas com minhas amigas inseparáveis, as festas do pijama que as histórias de terror sempre estragavam e as despedidas chorosas do último dia das férias ao pôr-do-sol na ponte jogando pedrinhas no riacho.

  Saudade dos banhos de chuva sem pensar na garganta inflamada que certamente viria depois; dos banhos de cachoeira e de rio; das escaladas nas árvores que rendiam machucados nem sempre dolorosos e sempre esquecíveis. Aqui olhando o tempo e lembrando dos belos momentos fico somente a desejar que a minha pequena filha aproveite cada pedaço da sua infância tanto quanto lhe for possível e que sejamos pais ao menos metade do que nossos pais são. Não tenho o que falar de meus pais, sou somente pura admiração e agradecimento; minha mãe de fato não tinha braços e beijos que curassem as dores, mas tinha companhia e palavras que eram tão boas ou até melhores que muitos beijos e abraços.

  As responsabilidades da vida adulta inevitavelmente chegaram cedo para mim, mas apesar de cedo pude aproveitar bem cada fase e cada momento da minha vida, hoje tenho a sensação convicta de que não pulei fases ou apressei momentos. Olhando para os passos passados sei que cada pequena escolha me trouxe ao que sou hoje e a vida que tenho. Obviamente ainda me falta realizar alguns sonhos e conquistar alguns objetivos, mas já sou grata por tudo o que tenho e vivi até aqui.

  Agradeço ao destino por suas pontas sem amarras e ao livre arbítrio que Deus nos proporciona sempre. Agradeço a criança, a adolescente e a jovem que fui; pego nas mãos minha xícara de café quente que inebria o ambiente com seu aroma, o sol já vai alto no céu e é hora de começar a lapidar a mulher já construída naquela que pretendo ser. Mangas arregaçadas e mãos prontas para o trabalho, obrigada saudosa manhã!

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Resenha: Cujo - Stephen King

20:36:00 8 Comments
Oi Oi Lunatic's. Tudo bem por aqui?
Depois de alguns dias sem postar por aqui (perdoem a demora e a correria mas tenho uma pequenina que está tomando o meu tempo e estou amando dedicar-me a ela) finalmente retornei a nossa casa e desta vez com uma resenha que passou a frente de todas as outras já programadas pela simples necessidade que eu estava de conversar com alguém sobre Stephen King.

* INFORMAÇÕES *

Título: Cujo
Autor: Stephen King
Editora: Selo Suma de Letras - Grupo Companhia das Letras
Literatura: Estrangeira / Terror
Páginas: 376 páginas
Lido Em: Maio de 2018
Onde Comprar: Amazon 
Skoob
Sinopse: Frank Dodd está morto e a cidade de Castle Rock pode ficar em paz novamente. O serial-killer que aterrorizou o local por anos agora é apenas uma lenda urbana, usada para assustar criancinhas.Exceto para Tad Trenton, para quem Dodd é tudo, menos uma lenda. O espírito do assassino o observa da porta entreaberta do closet, todas as noites.Você pode me sentir mais perto… cada vez mais perto.Nos limites da cidade, Cujo - um são-bernardo de noventa quilos, que pertence à família Camber - se distrai perseguindo um coelho para dentro de um buraco, onde é mordido por um morcego raivoso.
A transformação de Cujo, como ele incorpora o pior pesado de Tad Trenton e de sua mãe e como destrói a vida de todos a sua volta é o que faz deste um dos livros mais assustadores e emocionantes de Stephen King.
  Cujo é o primeiro livro de Stephen King que tive o privilégio de ler, sempre tive muita curiosidade a respeito de suas obras, mas como a maioria delas ainda está um pouco fora do meu orçamento nunca tinha tido a oportunidade. Porém em um desses dias de muita sorte ganhei dois livros de Stephen King (junto com alguns outros) da editora Suma de Letras. E devo dizer que para um primeiro contato com as obras de SK, estou mais do que satisfeita.

  * MINHAS IMPRESSÕES *

- Trama e Narrativa:
  Como é mencionado na sinopse do livro, Cujo é o São Bernardo da família Camber que é composta pelo mecânico Joe Camber, sua esposa x e seu filho y, Cujo pesa mais de 90 Kg e apesar do seu tamanho e robustez é um cachorro dócil e sensível. Tad Trenton é um garotinho de 4 anos, filho de Donna e Vic Trenton, a família teve que se mudar para o Maine para que Vic pudesse abrir e administrar junto com seu melhor amigo Roger uma agencia de publicidade, porém essa mudança causou abalos no casamento deles, pois Donna odiava a ideia de deixar a cidade de Nova York para ir morar numa cidadezinha do interior. Todos os eventos seguintes irão se desenrolar envolvendo essas duas famílias e as poucas pessoas que estão ao redor de cada uma delas.

  A narração de todo o livro é feita em terceira pessoa, ou seja é um narrador observador e onisciente, que nos conta de forma intercalada as desavenças que estão acontecendo na casa dos Trenton, o dia a dia da família Camber e assustadora transformação de Cujo após ser mordido por um morcego contaminado com raiva. Um dos pontos que gostaria de destacar na escrita e narrativa do SK nesse livro é que por ser um narrador onisciente nós sempre sabemos o que vai acontecer nas próximas páginas e é aí que reside o triunfo do SK que nos faz ficar grudados no livro até chegar na última página; outra coisa que achei extremamente importante e interessante para a narrativa foi podermos vez ou outra saber o que está se passando na mente de Cujo.
" Se fosse para casa, um dos integrantes da santíssima trindade -  o homem, a mulher e o menino - perceberia que ele tinha aprontado alguma e se machucado. Era bem possível que um deles lhe dissesse coisa feia. (...) " (Pág: 32)

- Personagens:
  O narrador vai nos apresentando aos personagens da história a medida que vai "andando" pela cidade, ou a medida que os caminhos dos personagens se misturam. Aos poucos vamos conhecendo mais sobre Tad, Donna e Vic Trenton e também descobrimos aos poucos como o casal vive uma vida de ilusões e como os pesadelos de Tad parecem ser tão reais ou proféticos. Conhecemos mais sobre os Camber e como Charity Camber sobrevive dia após dia a um casamento "difícil" por medo.
  De todos os personagens do livro nenhum em especial ganhou meu coração, todos tiveram seus momentos de altos e baixos e consequentemente os momentos em que gostei e odiei. O único que realmente não me desceu de forma alguma foi o Joe Camber, esse personagem em especial me causou nojo.


- Design:
  O livro não tem muito design a ser destacado. As folhas são amareladas e a letra tem uma fonte de tamanho muito boa, e ambos facilitam a leitura pois não deixa a vista cansada. Esta edição que ganhei faz parte da Biblioteca Stephen King, por tanto tem a abertura em folhas pretas e letras brancas, capa dura com detalhe de uma pata de cachorro em baixo relevo - o que provoca uma sensação muito boa ao passar a mão - e não é dividido em capítulos, ou seja, é uma leitura continua.

 

- Finalizando:
  Cujo é uma leitura classificada como Terror, serei mais precisa e direi que este livro é um terror psicológico dos bons - para quem não sabe, terror psicológico é todo aquele que o medo/temor é gerado pela vulnerabilidade da mente humana a alguma situação ou sensação desconfortável psicologicamente - pois o que sentimos não é medo e sim receio pelo bem estar físico e psicológico dos personagens.
" Ele se virou, puxando a arma, mas só conseguiu ter uma visão borrada do cachorro - um cachorro imenso - que pairava no ar. Cujo atingiu o (...)  na altura do peito, arremessando-o contra a traseira do corcel. "                   (Pág: 301)
  O narrador ser onisciente faz toda a diferença na leitura - como eu já citei - e conduz de forma brilhante o leitor por todo o desenrolar da trama com o coração na mão e ainda que algumas passagens, no meu ponto de vista, seja totalmente desnecessárias, isso não faz com que a leitura perca a sua qualidade. O São Bernardo Cujo ganha o nosso coração assim que nos é apresentado, ainda no inicio do livro, e um dos pontos mais tristes da história é sem dúvidas a sua transformação.

  Assim que finalizei a leitura do livro a classifiquei como uma leitura 3,5 de 5 estrelas, porém não seria justo dá 3,5 pelo argumento que eu estava utilizando. O final do livro, ou uma pequena parte dele, não me agradou e isso não é argumento suficiente para uma classificação de bom quando tudo no livro leva ele a ser ótimo. Os livros não são obrigados a terem finais que sejam agradaveis a todos os seus leitores, certamente assim como eu não gostei muitos devem ter achado o final justo. Por tanto finalizo esta resenha dizendo que Cujo é um livro de leitura rápida, fluida e surpreendente; é um desses livros que simplesmente não nos arrependemos de dar uma oportunidade e posso afirmar - apesar de ser o primeiro contato - que SK ganhou mais uma leitora e admiradora de seu trabalho.


  Por hoje é só meus amores. Até a próxima postagem.
  Beijos da Lua!!